segunda-feira, 4 de março de 2013

Atualização (04/03/13)

Hoje o Fábio postou no Face um manual muito bom sobre roteiro, segue abaixo:

FORMATAÇÃO BÁSICA DE ROTEIRO DE CINEMA
por Sandro Massarani

A melhor maneira de aprender a escrever um roteiro na formatação correta é ler a maior quantidade possível de roteiros prontos. Só assim o escritor conseguirá obter um conhecimento avançado do processo de construção da obra no formato Master Scenes. Aqui apresentarei apenas o básico.

Em termos gerais, o roteiro de cinema pode ser basicamente dividido em quatro partes: Cabeçalho de Cena, Ação, Diálogos e Transições. Vamos começar a analisá-las através de um exemplo (sempre a melhor forma de aprender):

INT. QUARTO DE HOTEL DE CHARLOTTE - NOITE Cabeçalho de Cena

De costas, Charlotte olha a grande janela. Ação

John chega e lhe dá um beijo. Mais Ação

                      CHARLOTTE Personagem que faz o diálogo
          Como foi hoje? Diálogo

                      JOHN
          Bom...Eu estou cansado.

Ele a abraça por um momento, inclinando-se.

                      JOHN (CONT)
          Eu tenho que encontrar Kelly para
          um drinque lá embaixo. Ela quer
          conversar sobre algo de foto.

                      CHARLOTTE
          Ok. Talvez eu desça com você.

                      JOHN
          Você quer vir?

                      CHARLOTTE
          Claro.

                      JOHN
               (não quer que ela
               vá)Parenthetical
          Ok.

                                         CUT TO:Transição

Importante: a escrita do roteiro só deve ser iniciada após o autor ter estabelecido toda a estrutura de sua história e de ter preparado uma descrição resumida de cada cena e personagem. A escrita do roteiro é o penúltimo passo para a elaboração de uma obra, sendo a revisão do roteiro o último passo. Nada de se apressar e iniciar a escrita do script sem planejamento.

1. Cabeçalho de Cena

Serve para introduzir uma nova cena. Na grande maioria das vezes teremos uma nova cena quando ocorrer uma mudança no espaço e/ou tempo no roteiro. Escrito sempre em maiúsculas, o cabeçalho é composto por três elementos:

* Tipo de Localidade: INT. (Interior) ou EXT. (Exterior). Serve para a equipe de produção determinar a logística e os locais de filmagem. Se a câmera percorrer o ambiente, podemos ter algo como INT./EXT., mas esse tipo de escrita não é recomendado, deixando a escolha para o diretor.

* A localidade: O nome do local. Por exemplo: CASA DE VERANEIO. Em alguns casos devemos especificar um local dentro de outro: CASA DE VERANEIO - COZINHA.

* O tempo: Aqui o autor irá usar na grande maioria dos casos ou DIA ou NOITE, mesmo se o tipo de localidade for interior. Em raras ocasiões veremos termos como ENTARDECER ou AMANHECER. Só se for necessário para o andamento da história. Se a cena precisar do uso do relógio, poderemos usar o tempo exato: 1:15, MEIA-NOITE, 1984.

Muitos escritores numeram as suas cenas. A numeração aparece antes e depois do cabeçalho:

1    EXT. ESTÁDIO - DIA    1

2. Ação

É o que basicamente ocorre na cena.  O autor pode introduzir a ação com uma pequena descrição, caso seja a primeira vez que o local apareça no roteiro. Seja sutil na escrita, e não exagere nas descrições. Um roteiro de cinema não é escrito da mesma forma que um romance literário! Devemos descrever apenas o necessário para o andamento e entendimento da história.

Deve-se evitar ao máximo dar ordens diretas para o diretor sobre posicionamento de câmera e ângulos de filmagem. Devemos notar que muitos autores não respeitam muito essa recomendação e acabam às vezes querendo agir como diretores.

Ao invés de escrever um largo bloco de texto, divida a ação em pequenas partes com uma linha de espaço. Dessa forma, até ângulos de filmagem podem ser sutilmente sugeridos ao diretor, sempre com cuidado.

INT. QUARTO DE NEO - DIA

Neo acorda de um sono profundo, se sentindo melhor. Ele começa a se auto-examinar. Há um cabo futurista conectado em seu antebraço. Ele o retira, observando a tomada enxertada em sua pele.

Ele passa a mão sobre a cabeça, sentindo um curto cabelo que agora a cobre. Seus dedos acham e exploram uma larga tomada na base do seu crânio.

Logo que ele começa a se descolar, Morpheus abre a porta.

É aconselhável o escritor escrever sempre no tempo presente.

Os personagens são primeiramente introduzidos na ação, e toda vez que um novo personagem for introduzido ele deve aparecer em LETRAS MAIÚSCULAS. A maioria dos personagens também devem ser descritos de forma resumida quando aparecem pela primeira vez. Essa descrição deve ser basicamente uma descrição física:

No ringue temos dois pesos pesados. Um branco e o outro negro. O lutador branco é ROCKY BALBOA. Ele tem trinta anos. Sua face tem cicatrizes e é rígida em torno do nariz. Seu cabelo preto brilha e pende sobre seus olhos.

Além da introdução de personagens, as letras maiúsculas na Ação algumas vezes são utilizadas ao se referirem a um som (um GRITO, um ASSOBIO) , a objetos utilizados (um REVOLVER, um MARTELO), e qualquer outra coisa que o escritor queira chamar a atenção. Fica a critério do autor, mas é bom não exagerar.

Quando uma cena é interrompida devido ao fim de uma página, alguns escritores utilizam o termo (CONTINUA), com alinhamento justificado na direita, onde era para ser a transição. Na página seguinte escrevem CONTINUA, com alinhamento justificado para a esquerda, no lugar do cabeçalho de cena.

3. Diálogos

O bloco de diálogo é composto de dois componentes obrigatórios, Personagem e Diálogo, e um opcional, o Parenthetical.

Os blocos de diálogos mais comuns usam apenas o nome do personagem e o que ele diz:

                      ALVY
          Oh, você é uma atriz.

                      ANNIE HALL
          Bem, eu faço comerciais, algo
          assim...

O Parenthetical deve ser utilizado somente para indicar algo que não tem como escrevermos de outra forma no script. O Parenthetical deve indicar uma ação ou emoção de um personagem, ou a direção de sua fala:
              
                                   ANNIE
               (sorrindo)
          Bem, eu...
               (uma pausa)
          Você é o que vovó Hall chamaria
          de verdadeiro judeu.

                      ALVY
               (Limpando sua garganta)
          Oh, obrigado.

Evite dizer para o ator como ele deve fazer o seu trabalho. Por isso tenha muito cuidado com os Parentheticals. Nenhum ator gosta de receber ordens do escritor. A escrita do roteiro deve ser boa o suficiente para o ator entender a expressão facial que ele deverá utilizar sem precisar toda hora ler um Parenthetical.

Se uma ação é colocada entre os diálogos de um mesmo personagem, devemos indicar que o diálogo continua, escrevendo (CONT) após o nome do personagem.

Se um diálogo é interrompido pelo final da página, escrevemos (MAIS) embaixo do diálogo com a mesma margem do nome do personagem. Na página seguinte escrevemos (CONT) ao lado do nome do personagem.

Quando o escritor precisa do diálogo de um narrador, ele deve usar o termo V.O., de Voice Over ao lado do nome do personagem:

                                   LESTER (V.O.)
          Meu nome é Lester Burnham. Este é
          meu bairro. Esta é minha rua. Esta
          é...minha vida. Tenho quarenta e
          dois anos. Em menos de um ano eu
          estarei morto.

Quando um personagem está falando em uma cena mas não aparece na tela, usamos o termo O.S. de Off Screen ao lado do seu nome:

CLOSE em um rádio de madeira, tocando uma música quieta. A visão é a de um quarto escuro, com cortinas impedindo a luz do sol.

                      MICHAEL (O.S.)
          Teremos uma quieta cerimônia civil
          no salão da cidade, sem agitação,
          sem família, apenas alguns amigos
          como testemunhas.

4. Transições

Assim que a primeira imagem aparecer na tela temos que escrever FADE IN no roteiro, dar duas linhas de espaço e começar a primeira cena. Na esmagadora maioria das obras, FADE IN é a primeira coisa que o autor escreve. Quando a imagem desaparece da tela, como no fim de um filme, escrevemos FADE OUT. Após a última transição do filme, dar três linhas de espaço e escrever com alinhamento centralizado THE END.

A transição mais comum é CUT TO (CORTAR PARA), que significa cortar para uma outra cena. Muitos escritores não utilizam mais o CUT TO entre as cenas, pois presume-se que a própria introdução de um novo cabeçalho de cena já seja suficiente para indicar a mudança. Além disso, para muitos é papel do diretor fazer a passagem de uma cena para a outra, e não do roteirista.

5. Formatando

Não há uma regra obrigratória para a formatação. O roteirista não pode é variar de forma radical o modelo sugerido chamado de Master Scenes, cujas características básicas estamos aqui analisando. Existem pequenas variações entre os roteiros. Seguindo a formatação Master Scenes, cada página de roteiro tem em média um minuto.

Para uma melhor construção de roteiros, existem alguns programas de computador que já formatam o script automaticamente. O melhor deles é o Final Draft, que é também o mais caro. Temos o Celtx que é de graça, existe em português e também faz um belo trabalho. Para quem sabe usar um processador de texto, é também possível a configuração dos espaçamentos no Microsoft Word.

Nem todos os roteiristas escrevem da mesma maneira. Inclusive existem roteiros que mudam ligeiramente a formatação mais comum. Saiba analisá-los e diferenciá-los e vá criando o seu estilo.

Evite escrever em itálico, negrito, ou sublinhado.

O tipo de papel utilizado é o carta (letter) de 21,59cm x 27,94cm.

A capa não é numerada e nem conta como uma folha no script. Ela deve conter o nome da obra e do autor centralizados na página. Na última linha deve conter o copyright e o contato.

A fonte do roteiro tem que ser sempre Courier New tamanho 12.

A numeração da página deve ser feita na parte superior direita.

5.1 Margens

Margens superior e inferior - 2,5cm

Margem da esquerda - 3,8cm

Margem da direita - 2,5cm

Cabeçalhos de Cena - 3,8cm

Ação - esquerda 3,8cm

Personagem - 9,4cm

Parenthetical - esquerda 7,8cm, direita 7,4cm

Diálogo -  esquerda 6,5cm - direita 6,5cm (justificado para a esquerda)

Transição - Alinhamento justificado para a direita (exceto FADE IN, que tem margem de 3,8cm na esquerda, a mesma da ação).

5.2 Espaçamento

Espaçamento Simples (Nenhuma linha de espaço, apertar uma vez a tecla Enter):
   * Entre o Personagem e o Parenthetical
   * Entre o Personagem e o Diálogo
   * Entre o Parenthetical e o Diálogo
Espaçamento Duplo (Uma linha de espaço, apertar duas vezes a tecla Enter):
   * Cabeçalho de Cena para a Ação
   * Ação para Ação
   * Ação para nome do Personagem
   * Diálogo para Ação
   * Diálogo para nome de outro Personagem
   * Diálogo para Cabeçalho de Cena
   * Ação para Cabeçalho de Cena
   * Ação para Transição
   * Diálogo para Transição
   * Transição para Cabeçalho de Cena

Podemos ver que temos espaçamento simples apenas no bloco de diálogos, sendo o restante do roteiro escrito na sua maioria com espaçamento de uma linha (duplo Enter).

6. Conclusão: LEIA ROTEIROS

Segue uma lista de sites para download de roteiros. Para analisar somente a formatação, prefira os roteiros em .PDF, que geralmente são os originais. De resto, pegue todos e leia a maior quantidade possível, pois agora que possuímos o básico, absorver as variações mais avançadas fica mais simples. A maioria dos sites contém apenas roteiros em inglês.

PESQUISA

O Fábio, novamente postou um tema para nossa pesquisa. Que tal faarmos sobre a exclusão social dos usuários de drogas?

Retirar usuários de drogas das ruas é "enxugar gelo", critica promotor

O promotor de Justiça de Defesa da Cidadania, Rogério Pacheco, criticou as operações, feitas ao longo dos últimos anos, para retirada de usuários de drogas das ruas do Rio de Janeiro. Na avaliação dele, as ações da Secretaria de Ordem Pública buscaram mais a perspectiva da segurança pública do que a da assistência social.

“São operações de enxugar gelo, porque as pessoas são recolhidas aos abrigos do município e lá não permanecem, porque esses abrigos ainda carecem de uma estrutura adequada e por conta da falta de uma política no município para o atendimento dessas pessoas.”

Desde março de 2011, a Secretaria Municipal de Assistência Social faz ações de retirada das ruas e acolhimento dos usuários, em parceria com órgãos de segurança. Em 2011, foram 63 operações que contabilizaram 2.924 acolhimentos, sendo 2.476 adultos e 448 crianças e adolescentes. Em 2012 foram 3.025 acolhimentos, com 2.695 adultos e 330 crianças e adolescentes, em 77 operações.

Apesar das críticas ao acolhimento de usuários de drogas, a subsecretária de Proteção Social Especial, Monica Blum, defende que o trabalho “é fundamentado, embora não seja perfeito”, mas que precisa envolver todos as esferas de governo. “O trabalho é dinâmico e vem sendo feito. Mas a política [de atendimento ao usuário] precisa ter todos os setores, serviços e esferas do governo juntas. O momento de recolher e levar para o abrigo é importante, mas não resolve”, admite Monica.

Para ela, é preciso discutir o que fazer com o usuário. “O usuário merece respeito e que sejam feitas políticas públicas para eles. Não podemos nos conformar com o que a gente faz, precisamos oferecer sempre algo melhor”, diz a subsecretária. De acordo com Monica, o governo está discutindo um novo modelo de atendimento.
E SE FALARMOS SOBRE OS MORADORES DE RUA?
Enfim, ideias...matéria novamente postada por Fábio

Kassab nega truculência na retirada de moradores de rua

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) disse ontem, terça-feira, que a retirada dos moradores de rua da frente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, era para a liberação do espaço público e preservação do patrimônio. Ele negou que se trate de um projeto voltado especificamente para retirar essa população do centro da cidade e disse que não houve truculência na ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
"O objetivo não são os moradores de rua, que merecem nossa solidariedade. A ação era em relação a poder recuperar espaço público que estava ocupado indevidamente, trazendo risco para a manutenção de um espaço que estava tombado", afirmou o prefeito. Ele disse ainda que ações parecidas podem acontecer quando houver "qualquer cidadão que esteja transgredindo a norma básica de dar direito a outros transitarem".
O secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, diz que não há situação parecida na cidade. Segundo ele, o patrimônio público estava sofrendo vandalismo. "Havia pichação, pessoas apoiando acampamento na parede, amarrando as barracas e cobertores, fazendo as necessidades fisiológicas ali", afirmou.
No segundo dia desde a desocupação da calçada na frente da Faculdade de Direito, os moradores de rua ainda estavam na região. Proibidos de ficar nas imediações do prédio, eles transferiram seus cobertores, papelões e barracas para as calçadas das Ruas Benjamin Constant e Senador Feijó, perto do largo. "Estão transferindo a gente. Não podemos ficar na frente do prédio, onde é mais seguro, mas aqui eles deixam", disse o morador de rua André Elias, de 27 anos. Segundo ele, uma pequena confusão aconteceu na madrugada de segunda para terça. "Um colega tentou deitar na frente do prédio e quase apanhou. O sossego que a gente tinha por aqui acabou."
Para o diretor-geral do Centro Acadêmico XI de Agosto, Alexandre Ferreira, a alegação de que o patrimônio estava sendo danificado foi um pretexto usado pela administração. "Para proteger o que é público, se esquece que existe o patrimônio daquela pessoa que está ali. Essa ação é um sintoma de que algumas coisas estão erradas."
Outro aluno da Faculdade de Direito, que preferiu se identificar apenas como Vítor, disse que havia gostado do resultado da ação, apesar de não saber como ela havia sido realizada. "Era impossível passar por aqui de noite, mas sei que os resultados são momentâneos."
Na manhã de ontem, além das cinco viaturas e 14 guardas da GCM que protegiam o prédio, dois veículos da Secretaria Municipal de Assistência Social estiveram no local para levar os interessados para albergues. Só dois aceitaram, segundo a Secretaria de Assistência Social. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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