Hoje o Fábio postou no Face um manual muito bom sobre
roteiro, segue abaixo:
FORMATAÇÃO BÁSICA DE ROTEIRO DE CINEMA
por Sandro Massarani
A melhor maneira de aprender a escrever um roteiro na
formatação correta é ler a maior quantidade possível de roteiros prontos. Só
assim o escritor conseguirá obter um conhecimento avançado do processo de
construção da obra no formato Master Scenes. Aqui apresentarei apenas o básico.
Em termos gerais, o roteiro de cinema pode ser
basicamente dividido em quatro partes: Cabeçalho de Cena, Ação, Diálogos e
Transições. Vamos começar a analisá-las através de um exemplo (sempre a melhor
forma de aprender):
INT. QUARTO DE HOTEL DE CHARLOTTE - NOITE Cabeçalho de
Cena
De costas, Charlotte olha a grande janela. Ação
John chega e lhe dá um beijo. Mais Ação
CHARLOTTE Personagem que faz o diálogo
Como
foi hoje? Diálogo
JOHN
Bom...Eu estou cansado.
Ele a abraça por um momento, inclinando-se.
JOHN (CONT)
Eu
tenho que encontrar Kelly para
um
drinque lá embaixo. Ela quer
conversar sobre algo de foto.
CHARLOTTE
Ok.
Talvez eu desça com você.
JOHN
Você
quer vir?
CHARLOTTE
Claro.
JOHN
(não quer que ela
vá)Parenthetical
Ok.
CUT
TO:Transição
Importante: a escrita do roteiro só deve ser iniciada
após o autor ter estabelecido toda a estrutura de sua história e de ter
preparado uma descrição resumida de cada cena e personagem. A escrita do
roteiro é o penúltimo passo para a elaboração de uma obra, sendo a revisão do
roteiro o último passo. Nada de se apressar e iniciar a escrita do script sem
planejamento.
1. Cabeçalho de Cena
Serve para introduzir uma nova cena. Na grande maioria
das vezes teremos uma nova cena quando ocorrer uma mudança no espaço e/ou tempo
no roteiro. Escrito sempre em maiúsculas, o cabeçalho é composto por três
elementos:
* Tipo de Localidade: INT. (Interior) ou EXT.
(Exterior). Serve para a equipe de produção determinar a logística e os locais
de filmagem. Se a câmera percorrer o ambiente, podemos ter algo como INT./EXT.,
mas esse tipo de escrita não é recomendado, deixando a escolha para o diretor.
* A localidade: O nome do local. Por exemplo: CASA DE
VERANEIO. Em alguns casos devemos especificar um local dentro de outro: CASA DE
VERANEIO - COZINHA.
* O tempo: Aqui o autor irá usar na grande maioria dos
casos ou DIA ou NOITE, mesmo se o tipo de localidade for interior. Em raras
ocasiões veremos termos como ENTARDECER ou AMANHECER. Só se for necessário para
o andamento da história. Se a cena precisar do uso do relógio, poderemos usar o
tempo exato: 1:15, MEIA-NOITE, 1984.
Muitos escritores numeram as suas cenas. A numeração
aparece antes e depois do cabeçalho:
1 EXT.
ESTÁDIO - DIA 1
2. Ação
É o que basicamente ocorre na cena. O autor pode introduzir a ação com uma pequena
descrição, caso seja a primeira vez que o local apareça no roteiro. Seja sutil
na escrita, e não exagere nas descrições. Um roteiro de cinema não é escrito da
mesma forma que um romance literário! Devemos descrever apenas o necessário
para o andamento e entendimento da história.
Deve-se evitar ao máximo dar ordens diretas para o
diretor sobre posicionamento de câmera e ângulos de filmagem. Devemos notar que
muitos autores não respeitam muito essa recomendação e acabam às vezes querendo
agir como diretores.
Ao invés de escrever um largo bloco de texto, divida a
ação em pequenas partes com uma linha de espaço. Dessa forma, até ângulos de
filmagem podem ser sutilmente sugeridos ao diretor, sempre com cuidado.
INT. QUARTO DE NEO - DIA
Neo acorda de um sono profundo, se sentindo melhor.
Ele começa a se auto-examinar. Há um cabo futurista conectado em seu antebraço.
Ele o retira, observando a tomada enxertada em sua pele.
Ele passa a mão sobre a cabeça, sentindo um curto
cabelo que agora a cobre. Seus dedos acham e exploram uma larga tomada na base
do seu crânio.
Logo que ele começa a se descolar, Morpheus abre a
porta.
É aconselhável o escritor escrever sempre no tempo
presente.
Os personagens são primeiramente introduzidos na ação,
e toda vez que um novo personagem for introduzido ele deve aparecer em LETRAS
MAIÚSCULAS. A maioria dos personagens também devem ser descritos de forma
resumida quando aparecem pela primeira vez. Essa descrição deve ser basicamente
uma descrição física:
No ringue temos dois pesos pesados. Um branco e o
outro negro. O lutador branco é ROCKY BALBOA. Ele tem trinta anos. Sua face tem
cicatrizes e é rígida em torno do nariz. Seu cabelo preto brilha e pende sobre
seus olhos.
Além da introdução de personagens, as letras
maiúsculas na Ação algumas vezes são utilizadas ao se referirem a um som (um
GRITO, um ASSOBIO) , a objetos utilizados (um REVOLVER, um MARTELO), e qualquer
outra coisa que o escritor queira chamar a atenção. Fica a critério do autor,
mas é bom não exagerar.
Quando uma cena é interrompida devido ao fim de uma
página, alguns escritores utilizam o termo (CONTINUA), com alinhamento
justificado na direita, onde era para ser a transição. Na página seguinte
escrevem CONTINUA, com alinhamento justificado para a esquerda, no lugar do
cabeçalho de cena.
3. Diálogos
O bloco de diálogo é composto de dois componentes
obrigatórios, Personagem e Diálogo, e um opcional, o Parenthetical.
Os blocos de diálogos mais comuns usam apenas o nome
do personagem e o que ele diz:
ALVY
Oh,
você é uma atriz.
ANNIE HALL
Bem,
eu faço comerciais, algo
assim...
O Parenthetical deve ser utilizado somente para
indicar algo que não tem como escrevermos de outra forma no script. O
Parenthetical deve indicar uma ação ou emoção de um personagem, ou a direção de
sua fala:
ANNIE
(sorrindo)
Bem,
eu...
(uma pausa)
Você é
o que vovó Hall chamaria
de
verdadeiro judeu.
ALVY
(Limpando sua garganta)
Oh,
obrigado.
Evite dizer para o ator como ele deve fazer o seu
trabalho. Por isso tenha muito cuidado com os Parentheticals. Nenhum ator gosta
de receber ordens do escritor. A escrita do roteiro deve ser boa o suficiente
para o ator entender a expressão facial que ele deverá utilizar sem precisar
toda hora ler um Parenthetical.
Se uma ação é colocada entre os diálogos de um mesmo
personagem, devemos indicar que o diálogo continua, escrevendo (CONT) após o
nome do personagem.
Se um diálogo é interrompido pelo final da página,
escrevemos (MAIS) embaixo do diálogo com a mesma margem do nome do personagem.
Na página seguinte escrevemos (CONT) ao lado do nome do personagem.
Quando o escritor precisa do diálogo de um narrador,
ele deve usar o termo V.O., de Voice Over ao lado do nome do personagem:
LESTER
(V.O.)
Meu
nome é Lester Burnham. Este é
meu
bairro. Esta é minha rua. Esta
é...minha vida. Tenho quarenta e
dois
anos. Em menos de um ano eu
estarei morto.
Quando um personagem está falando em uma cena mas não
aparece na tela, usamos o termo O.S. de Off Screen ao lado do seu nome:
CLOSE em um rádio de madeira, tocando uma música
quieta. A visão é a de um quarto escuro, com cortinas impedindo a luz do sol.
MICHAEL (O.S.)
Teremos
uma quieta cerimônia civil
no
salão da cidade, sem agitação,
sem
família, apenas alguns amigos
como
testemunhas.
4. Transições
Assim que a primeira imagem aparecer na tela temos que
escrever FADE IN no roteiro, dar duas linhas de espaço e começar a primeira
cena. Na esmagadora maioria das obras, FADE IN é a primeira coisa que o autor
escreve. Quando a imagem desaparece da tela, como no fim de um filme,
escrevemos FADE OUT. Após a última transição do filme, dar três linhas de
espaço e escrever com alinhamento centralizado THE END.
A transição mais comum é CUT TO (CORTAR PARA), que
significa cortar para uma outra cena. Muitos escritores não utilizam mais o CUT
TO entre as cenas, pois presume-se que a própria introdução de um novo
cabeçalho de cena já seja suficiente para indicar a mudança. Além disso, para
muitos é papel do diretor fazer a passagem de uma cena para a outra, e não do
roteirista.
5. Formatando
Não há uma regra obrigratória para a formatação. O
roteirista não pode é variar de forma radical o modelo sugerido chamado de
Master Scenes, cujas características básicas estamos aqui analisando. Existem
pequenas variações entre os roteiros. Seguindo a formatação Master Scenes, cada
página de roteiro tem em média um minuto.
Para uma melhor construção de roteiros, existem alguns
programas de computador que já formatam o script automaticamente. O melhor
deles é o Final Draft, que é também o mais caro. Temos o Celtx que é de graça,
existe em português e também faz um belo trabalho. Para quem sabe usar um
processador de texto, é também possível a configuração dos espaçamentos no
Microsoft Word.
Nem todos os roteiristas escrevem da mesma maneira.
Inclusive existem roteiros que mudam ligeiramente a formatação mais comum.
Saiba analisá-los e diferenciá-los e vá criando o seu estilo.
Evite escrever em itálico, negrito, ou sublinhado.
O tipo de papel utilizado é o carta (letter) de
21,59cm x 27,94cm.
A capa não é numerada e nem conta como uma folha no
script. Ela deve conter o nome da obra e do autor centralizados na página. Na
última linha deve conter o copyright e o contato.
A fonte do roteiro tem que ser sempre Courier New
tamanho 12.
A numeração da página deve ser feita na parte superior
direita.
5.1 Margens
Margens superior e inferior - 2,5cm
Margem da esquerda - 3,8cm
Margem da direita - 2,5cm
Cabeçalhos de Cena - 3,8cm
Ação - esquerda 3,8cm
Personagem - 9,4cm
Parenthetical - esquerda 7,8cm, direita 7,4cm
Diálogo -
esquerda 6,5cm - direita 6,5cm (justificado para a esquerda)
Transição - Alinhamento justificado para a direita
(exceto FADE IN, que tem margem de 3,8cm na esquerda, a mesma da ação).
5.2 Espaçamento
Espaçamento Simples (Nenhuma linha de espaço, apertar
uma vez a tecla Enter):
* Entre o
Personagem e o Parenthetical
* Entre o
Personagem e o Diálogo
* Entre o
Parenthetical e o Diálogo
Espaçamento Duplo (Uma linha de espaço, apertar duas
vezes a tecla Enter):
* Cabeçalho
de Cena para a Ação
* Ação para
Ação
* Ação para
nome do Personagem
* Diálogo
para Ação
* Diálogo
para nome de outro Personagem
* Diálogo
para Cabeçalho de Cena
* Ação para
Cabeçalho de Cena
* Ação para
Transição
* Diálogo
para Transição
* Transição
para Cabeçalho de Cena
Podemos ver que temos espaçamento simples apenas no
bloco de diálogos, sendo o restante do roteiro escrito na sua maioria com
espaçamento de uma linha (duplo Enter).
6. Conclusão: LEIA ROTEIROS
Segue uma lista de sites para download de roteiros.
Para analisar somente a formatação, prefira os roteiros em .PDF, que geralmente
são os originais. De resto, pegue todos e leia a maior quantidade possível,
pois agora que possuímos o básico, absorver as variações mais avançadas fica
mais simples. A maioria dos sites contém apenas roteiros em inglês.
PESQUISA
O Fábio, novamente postou um tema para nossa pesquisa. Que tal faarmos sobre a exclusão social dos usuários de drogas?
Retirar usuários de drogas das ruas é "enxugar
gelo", critica promotor
O promotor de Justiça de Defesa da Cidadania, Rogério
Pacheco, criticou as operações, feitas ao longo dos últimos anos, para retirada
de usuários de drogas das ruas do Rio de Janeiro. Na avaliação dele, as ações
da Secretaria de Ordem Pública buscaram mais a perspectiva da segurança pública
do que a da assistência social.
“São operações de enxugar gelo, porque as pessoas são
recolhidas aos abrigos do município e lá não permanecem, porque esses abrigos
ainda carecem de uma estrutura adequada e por conta da falta de uma política no
município para o atendimento dessas pessoas.”
Desde março de 2011, a Secretaria Municipal de
Assistência Social faz ações de retirada das ruas e acolhimento dos usuários,
em parceria com órgãos de segurança. Em 2011, foram 63 operações que
contabilizaram 2.924 acolhimentos, sendo 2.476 adultos e 448 crianças e
adolescentes. Em 2012 foram 3.025 acolhimentos, com 2.695 adultos e 330
crianças e adolescentes, em 77 operações.
Apesar das críticas ao acolhimento de usuários de
drogas, a subsecretária de Proteção Social Especial, Monica Blum, defende que o
trabalho “é fundamentado, embora não seja perfeito”, mas que precisa envolver
todos as esferas de governo. “O trabalho é dinâmico e vem sendo feito. Mas a
política [de atendimento ao usuário] precisa ter todos os setores, serviços e
esferas do governo juntas. O momento de recolher e levar para o abrigo é
importante, mas não resolve”, admite Monica.
Para ela, é preciso discutir o que fazer com o
usuário. “O usuário merece respeito e que sejam feitas políticas públicas para
eles. Não podemos nos conformar com o que a gente faz, precisamos oferecer
sempre algo melhor”, diz a subsecretária. De acordo com Monica, o governo está
discutindo um novo modelo de atendimento.
E SE FALARMOS SOBRE OS MORADORES DE RUA?
Enfim, ideias...matéria novamente postada por Fábio
Kassab nega truculência na retirada de moradores de
rua
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) disse ontem,
terça-feira, que a retirada dos moradores de rua da frente da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, era para a
liberação do espaço público e preservação do patrimônio. Ele negou que se trate
de um projeto voltado especificamente para retirar essa população do centro da
cidade e disse que não houve truculência na ação da Guarda Civil Metropolitana
(GCM).
"O objetivo não são os moradores de rua, que
merecem nossa solidariedade. A ação era em relação a poder recuperar espaço
público que estava ocupado indevidamente, trazendo risco para a manutenção de
um espaço que estava tombado", afirmou o prefeito. Ele disse ainda que
ações parecidas podem acontecer quando houver "qualquer cidadão que esteja
transgredindo a norma básica de dar direito a outros transitarem".
O secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom
Ortega, diz que não há situação parecida na cidade. Segundo ele, o patrimônio
público estava sofrendo vandalismo. "Havia pichação, pessoas apoiando
acampamento na parede, amarrando as barracas e cobertores, fazendo as
necessidades fisiológicas ali", afirmou.
No segundo dia desde a desocupação da calçada na
frente da Faculdade de Direito, os moradores de rua ainda estavam na região.
Proibidos de ficar nas imediações do prédio, eles transferiram seus cobertores,
papelões e barracas para as calçadas das Ruas Benjamin Constant e Senador
Feijó, perto do largo. "Estão transferindo a gente. Não podemos ficar na
frente do prédio, onde é mais seguro, mas aqui eles deixam", disse o
morador de rua André Elias, de 27 anos. Segundo ele, uma pequena confusão
aconteceu na madrugada de segunda para terça. "Um colega tentou deitar na
frente do prédio e quase apanhou. O sossego que a gente tinha por aqui
acabou."
Para o diretor-geral do Centro Acadêmico XI de Agosto,
Alexandre Ferreira, a alegação de que o patrimônio estava sendo danificado foi
um pretexto usado pela administração. "Para proteger o que é público, se
esquece que existe o patrimônio daquela pessoa que está ali. Essa ação é um
sintoma de que algumas coisas estão erradas."
Outro aluno da Faculdade de Direito, que preferiu se
identificar apenas como Vítor, disse que havia gostado do resultado da ação,
apesar de não saber como ela havia sido realizada. "Era impossível passar
por aqui de noite, mas sei que os resultados são momentâneos."
Na manhã de ontem, além das cinco viaturas e 14 guardas
da GCM que protegiam o prédio, dois veículos da Secretaria Municipal de
Assistência Social estiveram no local para levar os interessados para
albergues. Só dois aceitaram, segundo a Secretaria de Assistência Social. As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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